
No ano do escândalo da VazaJato, a sensação que tivemos foi de que a geração de crise foi utilizada como estratégia comunicacional do Governo Brasileiro. Verdadeiras provocações foram disparadas para a opinião pública. Muitas delas com interesse claro de servir como cortina de fumaça para encobrir decisões controversas. Na mesma linha das polêmicas presidenciais, ministros, governadores, prefeitos e políticos em geral adotaram as posturas e manifestações polêmicas como estratégias de incidência pública.
Foi em 2019 que houve censura na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Em meio a um universo de fake news, questões de comportamento social e fundamentalismo cultural tomaram conta do cotidiano dos brasileiros. Da mesma forma, controvérsias ambientais como as queimadas na Amazônia e o vazamento de óleo no litoral do Nordeste serviram como combustível para os debates políticos polarizados. Nem mesmo a política internacional ficou de fora. Declarações do presidente do Brasil foram dirigidas à primeira dama da França, Brigitte Macron, abordando temáticas absolutamente irrelevantes para o universo político como a beleza, ou não, da companheira do Presidente francês.
Impossível listar todos os casos que mobilizaram o ambiente político. Da investigação questionável sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco às denúncias e provocações dos filhos do Presidente da República, tudo foi intenso e de intencionalidade duvidosa. Para a equipe da Verity Consultoria, as denúncias sobre a Operação Lava Jato geraram bons aprendizados que merecem ser relembrados para o futuro.
A gestão da crise – A partir de denúncias da Plataforma Jornalística Intercept, a Operação Lava jato e o Juiz Sérgio Moro, assim como todas as instâncias envolvidas na investigação passaram a ser questionadas publicamente. Milhares de mensagens de texto e áudio vazadas a partir do comunicador Telegram. Diante da união de diversos veículos de comunicação e da potencialização das denúncias de equívocos e conchavos, a estratégia da força tarefa da Lava Jato foi manter a defesa no ambiente informal das redes sociais. Desqualificar os jornalistas envolvidos na apuração, ameaçar e questionar conduta e vida privada, gerando conteúdo para alimentar as rede.
Comunicação da crise – Mais de uma semana depois das primeiras divulgações do vazamento, o ex-juiz e atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro, passou a se manifestar concedendo entrevistas pontuais até prestar conta de suas ações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara Federal. A postura dura e combativa, negando as irregularidades e defendendo o ecossistema da Lava Jato ajudou a amenizar o estrago dos vazamentos sobre a reputação do ministro e os maiores estragos recaíram sobre a força tarefa e sobre o procurador da República Deltan Dallagnol.
Porta-voz – Embora o presidente da República tenha se manifestado reafirmando sua confiança no ministro Sérgio Moro, não houve um porta-voz oficial da crise. O próprio ex-juiz foi a figura que mais teve seu nome relacionado à crise, conforme levantamento no google trends.
Alguns links para relembrar
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/08/politica/1567961873_908783.html
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