AS CRISES DE REPUTAÇÃO QUE MARCARAM 2019 – ANO DIFÍCIL PARA EDUCAÇÃO BÁSICA E SUPERIOR (6/10)

Um ano inesquecível para o setor educacional. Infelizmente, 2019 marcou a vida de escolas e universidades públicas e privadas pelos piores motivos. A polarização política invadiu a relação de aprendizagem e o clima de denuncismo e patrulha ideológica colocou em campos distintos professores, pais, estudantes e sociedade. Em todos os espaços: sala de aula, palestras, cursos, pesquisas e até nos bate-papos nos corredores, o clima de desconfiança gerou problemas que precisaram ser gerenciados. Muitos ganharam repercussão pública.

No aspecto comportamental, escolas e universidades se viram às voltas com problemas de ordem emocional de alunos e professores. Suicídios, depressão e outras síndromes e patologias emocionais movimentaram equipes educacionais. Por outro lado, uma profunda crise de desvalorização do conhecimento formal e a mudança no modelo de negócio com a chegada ostensiva das opções de educação a distância, microlearning e outras variações no modelo educacional brasileiro exigiram que o segmento abrisse mão de sua tradicional lentidão e se movimentasse.

A grande crise que movimentou a educação brasileira, em 2019, foi, sem dúvida, um ataque a tiros em uma escola pública da cidade de Suzano (SP).  Nos moldes dos rotineiros ataques coletivos às escolas e universidades norte- americanas, assustou o País e gerou desencadeou ameaças inspiradas no evento.

Ataque com morte Suzano

Uma dupla formada por ex-alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil no município de Suzano, no estado de São Paulo matou cinco estudantes e duas funcionárias da escola, no dia 13 de março de 2019. Após o ataque que causou comoção no País, um dos assassinos atirou no outro e se suicidou. Foi o oitavo ataque a escolas no Brasil e a polícia descobriu, posteriormente, que o planejamento feito pela dupla foi desenvolvido ao longo de um ano. 

A gestão da crise – A dupla de atiradores entrou na escola no horário do intervalo da manhã. Como quase todas as escolas públicas brasileiras, o controle de acesso é precário nos prédios que abrigam as instituições. Guardas, cancelas, solicitação de documentos são situações comuns em escolas privadas, mas nem todas gostam dessa condição e, muitos gestores educacionais, ainda compreendem que a organização educacional deve ser aberta e de livre acesso à comunidade. No caso das escolas públicas, a falta de recursos para investimento complica ainda mais o cenário.

Após o ingresso na escola, a dupla, que havia anunciado o crime no dia anterior nas redes sociais, atirou indiscriminadamente, gerando pânico, ferindo e matando alunos e funcionários. As forças públicas foram chamadas, mas a correria dos estudantes mostrou profundo despreparo para situações desse tipo. Entre as atitudes mais adequadas, esteve a de uma professora de Línguas que se trancou em uma sala com os alunos evitando o acesso dos dois criminosos. A ação rápida da PM também ajudou a reduzir o número de vítimas.

Na gestão da crise, destaca-se como positivo, o cuidado em estabelecer um período de luto que retirou alunos da rede municipal e estadual das salas de aula. Também, a retomada das aulas na escola Professor Raul Brasil, que foi marcada por eventos especiais com flores e abraços e manteve um plantão de psicólogos para atender os alunos.

Comunicação da crise – Pela dimensão da crise, considerando o número de vítimas e as condições do acontecimento, tudo se tornou imediatamente público. Chamou a atenção o número de vídeos e fotos vazadas pelos próprios membros da comunidade escolar e pelas forças de segurança que deixaram vazar imagens das câmeras de segurança.

A comunicação formal do evento foi realizada pelo Governo do Estado de SP, responsável pela escola e pela prefeitura de Suzano.

Porta-voz ­– O destaque como porta-voz foi para o Governador João Dória, que cancelou a agenda prevista e foi para o local do evento. Também decretou luto oficial de três dias e atendeu a imprensa sobre as medidas tomadas para ampliar a segurança nas escolas públicas da rede estadual. Ao falar do sentimento por ter contato com o que chamou de “cena mais triste de sua vida”, Dória conseguiu se conectar com o sentimento da comunidade envolvida e com o assombro dos brasileiros.

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