A comunicação sempre foi relegada a um lugar secundário no cotidiano da vida social. Não havia atenção para o tema entre as demandas de economia, das ciências exatas ou da política. Fazia parte dos automatismos da vida. Hoje, quando nos deparamos com a turbulência de um ano de crise econômica, de confiança abalada nas instituições, de dificuldades no ambiente empresarial, é tempo de voltar a atenção para essa competência imprescindível.
Entender a comunicação apenas como um recurso para aumento de vendas, espetacularização de ideias, propaganda política ou para a individualização promovida pelas mídias sociais, é reduzir a sua importância. É preciso ir além e resgatar estratégias mais humanas para reencontrar o entendimento social.
Diz o sociólogo francês, Dominique Wolton, que a comunicação, muito distante de ser uma mera transmissão de informações, é o mecanismo de mediação entre lógicas e interesses distintos. Talvez nunca na história tenhamos convivido de forma tão explicita com as lógicas distintas.
Não é fácil convencer um familiar de que a informação que ele consome é falsa; não é simples gerar consciência para a mudança de hábitos de saúde; é desafiador conversar educadamente com quem diverge do nosso pensar. Sensibilizar o cidadão para que ele se proteja pelo bem da coletividade em um momento de pandemia; construir as razões de uma campanha de vacinação; gerar entendimento em conflitos, enfim, a lista de situações que dependem da comunicação é infinita. Mas por onde começar?
Como relegamos a comunicação a um lugar secundário em nosso cotidiano, não nos educamos para uma boa comunicação, para entender e compreender. Precisamos começar do zero. Um bom ponto de partida é valorizarmos a comunicação como ciência, como conhecimento e como espaço de boas práticas profissionais.
Todos precisamos desenvolver competências comunicacionais. Seja como políticos, lideranças, como instituições, escolas, universidades, empresas ou profissionais. Todos precisamos investir em comunicação efetiva. A demanda é urgente. É a nossa tábua de salvação como humanidade!
Artigo originalmente publicado na edição de Zero Hora – https://gauchazh.clicrbs.com.br/ – em 18/2/2022